sexta-feira, 18 de outubro de 2013

A Grande Mãe



" - A Grande Mãe é chamada de vários nomes por muitos homens. Porém, para todos eles, é a Grande Deusa - espaço, terra e água. Como espaço é chamada Éia, pai dos deuses que a fizeram; ela é mais velha que os tempos; é a matriz da matéria, a indiferenciada e pura substância-raiz de toda a existência. Ela também é Binah, a Mãe Supernal, que recebeu Chokmah, o Pai Superno. É a doadora da forma à força amorfa por meio da qual ela pode construir. Também traz a morte, pois o que tem forma precisa de morrer, esgotar-se, a fim de que possa nascer de novo para uma vida mais realizada. Tudo o que nasce deve morrer, mas tudo o que morre deve renascer. Portanto, ela é chamada Marah, a Amarga, Nossa Senhora das Tristezas, pois traz a morte. De forma análoga, é chamada de Géia, pois ela é a mais antiga terra, a primeira forma do amorfo. A Grande Mãe é todas elas e nela elas são vistas, e o que desta forma é de sua natureza, reage a ela que pode exercer o domínio. Suas marés são as suas marés, seus caminhos são os seus caminhos e quem conhecer uma coisa conhece a outra.
   - Tudo quanto surgir do nada, ela oferece. Tudo o que submergir no nada, ela recebe. Ela é o Grande Mar de onde surge a vida, o mar ao qual tudo deve retornar no fim da eternidade.
   - Dentro do Grande Mar nós nos banhamos no sono, mergulhando nas profundezas primordiais, voltando às coisas esquecidas antes da existência do tempo. E a alma é renovada ao toque da Grande Mãe. Quem não puder retornar desta maneira ao primordial não tem raízes na vida, e murcha como grama. Estes são os vivos-mortos, os órfãos da Grande Mãe."

Fortune, Dion, A Sacerdotisa do Mar, pp. 216-7. Tradução Zilda Hutchinson Schild. São Paulo: Editora Pensamento, 2ª Edição, 1992.

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