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domingo, 21 de janeiro de 2024

Plutão em Aquário em 1000 Anos e numa Vida Humana


Plutão em Aquário nos últimos 1000 anos


1) 1041-1063

168,89 dias: 04/02/1041 - 23/07/1041

7.406,07 dias: 15/12/1041 - 26/03/1062

193,97 dias: 27/07/1062 - 06/02/1063

70,66 dias: 03/10/1063 - 12/12/1063

Total = 7.839,59 dias

 

2) 1286-1308

113,25 dias: 28/02/1286 - 21/06/1286

251,81 dias: 04/01/1287 - 13/09/1287

7.082,61 dias: 28/10/1287 - 20/03/1307

183,23 dias: 01/08/1307 - 31/01/1308

47,29 dias: 12/10/1308 - 28/11/1308

Total = 7.678,19 dias

 

3) 1532-1553

166,87 dias: 02/02/1532 - 18/07/1532

7.039,64 dias: 11/12/1532 - 21/03/1552

190,69 dias: 24/07/1552 - 31/01/1553

60,41 dias: 04/10/1553 - 03/12/1553

Total = 7.457,61

 

4) 1777-1798

52,95 dias: 04/04/1777 - 27/05/1777

205,63 dias: 27/01/1778 - 20/08/1778

6.705,67 dias: 01/12/1778 - 11/04/1797

211,92 dias: 21/07/1797 - 17/02/1798

89,14 dias: 28/09/1798 - 26/12/1798

Total = 7.265,31 Dias

 

5) 2023-2044

79,88 dias: 23/03/2023 - 11/06/2023

224,96 dias: 21/01/2024 - 01/09/2024

6.683,18 dias: 19/11/2024 - 09/03/2043

136,04 dias: 01/09/2043 - 15/01/2044

Total = 7.124,06 Dias

 

Total Final até ao Actual Ingresso = 30.240,7 Dias = 82,795 Anos

Total Final com o Actual Ingresso = 37.364,76 Dias = 102,299 Anos

 

  Nos últimos 1.000 anos (1.000 - 2.000 EC), Plutão esteve no signo de Aquário cerca de 83 Anos, ou seja, 8,279%. do período em causa Por outro lado, o actual ingresso será de 19,505 Anos. Ora a esperança média de vida em Portugal é de 81 Anos (Censos 2021/INE/Pordata). A relação entre os dois dados faz com que o actual ingresso de Plutão represente 24,08% numa vida humana. A influência genetlíaca deve portanto ser tratada com alguma cautela e a influência mundana deve, por outro lado, ser considerada no seu devido contexto.

  Com isto não se está a dizer que não existe uma influência de Plutão, está-se sim a afirmar que a actual histeria astrológica com o ingresso de Plutão em Aquário deveria ter alguma moderação. Seguir-se um princípio de totalidade, ou seja, de análise global é sempre preferível a pegar-se num critério de análise e levá-lo além da sua significação e influência.

  De um outro modo, o sentido de Plutão é complemente conflitual face ao de Aquário, uma vez que Plutão é o regente moderno de Escorpião que está em quadratura com Aquário, regido por Úrano. Já de uma perspectiva tradicional, este dois signos colocam sob um olhar quadrangular Marte e Saturno, os seus regentes, o que não indica nenhuma transformação arco-íris, com unicórnios, todos de mãos, a fingir que se é muito evoluído e espiritual. Numa análise mundana, este será necessariamente um tempo de destruição.

  Uma outra falácia é dizer-se linearmente que Plutão estava em Aquário quando foi a revolução francesa e que foi por isso que esta aconteceu. Sim, os princípios lançados por esta foram e são transformadores, todavia, quer antes, quer depois, e durante também, o tempo foi de fome e destruição. Lembremo-nos, por exemplo, que, aquando da revolução francesa (14/07/1789), Júpiter estava em Leão e Saturno em Peixes o que porventura é bem mais significativo do que Plutão em Aquário. Cavalgar a espuma dos dias sem rigor pode fazer com o sentido profundo da realidade se esfume.

sábado, 21 de janeiro de 2023

Reflexões Astrológicas 2023: Lua Nova em Aquário

 Reflexões Astrológicas


Lunações


Lua Nova em Aquário

Lisboa, 20h53min, 21/01/2023

 

Sol-Lua

Decanato: Vénus

Termos: Mercúrio

Monomoiria: Júpiter 

 

   A Lua Nova de Janeiro, a primeira do ano civil de 2023, ocorre no signo de Aquário, com Virgem a marcar a hora para o tema de Lisboa e, deste modo, na VI, no Lugar do Má Fortuna (κάκη τύχη), no decanato de Vénus, nos termos de Mercúrio e na monomoiria de Júpiter. A sizígia dá-se assim abaixo do horizonte e cerca de três horas e vinte minutos após o pôr-do-sol. A Lua encontra-se favorecida por estar no seu próprio segmento, embora abaixo do horizonte e num signo masculino, já o Sol encontra-se desfavorecido por estar fora do seu próprio segmento de luz (αἵρεσις) e abaixo do horizonte. A luz apresenta-se, deste modo, submersa, oculta.

   O encontro dos luminares em Aquário firma o seu carácter primordial enquanto signo da humanidade. Ora esta designação traduz um significado enraizado tanto na astrologia antiga como na astrologia mitológica. Em primeiro lugar, dos signos que assumem uma representação humana, Aquário é o único que parte de uma matriz exclusivamente humana. O signo de Gémeos é representado por dois irmãos, um de natureza humana, outro de natureza divina, enquanto o que lhe é diametralmente oposto, Sagitário, assume a forma de um ser parte humano, parte animal. Já Virgem configura-se sob a imagem da deusa da justiça, antropomorfizada, mas divina. Aquário é portanto o único que começa como humano.

   De uma perspectiva mitológica, Aquário é representado por Ganimedes, o jovem “humano” por quem Zeus se enamorou, e cujo amor é referido, por exemplo, por Platão (Fedro 255). Etimologicamente, Ganimedes tem a sua raiz na forma verbal γάνυμαι que designa o “alegrar-se” ou o “irradiar alegria”, mas também no substantivo μήδων, ou seja, os “genitais”. O sentido é aqui bastante óbvio, tornando o eixo Leão-Aquário, com esta relação entre Zeus (Leão) e Ganimedes (Aquário), aquele que melhor descreve a pederastia antiga e a homossexualidade masculina. Zeus, sob a forma de águia, rapta Ganimedes, levando-o para o Olimpo, fazendo dele o copeiro dos deuses, o que verte o néctar (ou o sémen), e torna-o Himeros, o deus do desejo. Existe pois uma passagem ulterior do humano ao divino.

   Para a astrologia antiga, sobretudo sob a égide do modelo conceptual do Thema Mundi, aquele que coloca Caranguejo como o Ascendente do Mundo, Aquário assume-se como o oitavo signo, estabelecendo-se, deste modo, no Lugar da Morte, aquele que define a qualidade do morrer. Ora é o momento mori, o conhecimento de que sabemos que vamos morrer que define a nossa humanidade, ou seja, o conhecimento da morte revela o conhecimento da vida e vice-versa, o que é particularmente significativo com o ingresso já anunciado de Plutão em Aquário. A finitude da vida, marcada pelo peso da morte, permite a procura do valor, do propósito, transformando o humano em humanidade. Saturno, como regente deste signo e daquele que é o Ocaso do Universo (Capricórnio), vem confirmar esta unidade conceptual entre o tempo e a morte.

   Por fim, já para a significação da astrologia moderna, também a regência de Úrano acentua o carácter primordial de Aquário enquanto signo da humanidade, pois a castração do deus do céu é feita por Cronos (Saturno), não apenas para tomar o poder de seu pai, mas para libertar os outros deuses, as outras potencialidades, aprisionadas no ventre de Gaia. Úrano, ao não se separar de Gaia, impedia que estes nascessem, que chegassem à luz. Assim, a castração de Úrano confere o dom do nascimento, uma representação por excelência da nossa humanidade. O absoluto que pertence à terra reside pois em encontrar na fertilidade de Gaia, nos seus frutos, os dons do nascer e do morrer. Aquário vem colocar, deste modo, o sentido da humanidade na observação desses dons.

   No actual novilúnio, seguindo a ideia de que o ὀμφαλός, o umbigo do mundo, é o lugar electivo do tema astrológico, neste caso Lisboa, a via luminar afunda-se após o Ocaso. Em Aquário, a sizígia segue na frente, acompanhados posteriormente por Vénus e Saturno que, num sentido mais amplo e em consequência do declínio helíaco, se tornam Estrelas da Tarde, adquirindo então um carácter feminino e uma qualidade potencial. No entanto, se estendermos o caminho da luz a toda a senda descendente, encontramos um trilho celeste que se alonga deste Neptuno, a descer junto do Ocaso, até Mercúrio, avançando rumo ao Ponto Subterrâneo (IC).         

   A luz, nesta via de Eterno Retorno, agora caminhando até ao abismo, seja ela de Neptuno em Peixes até Mercúrio em Capricórnio, da totalidade da imaginação ao poder da palavra, ou de Saturno e Vénus ao Sol e à Lua em Aquário, da necessidade e do amor à luz da humanidade, terá de enfrentar a sombra que, avançando à sua frente, tenta extinguir a sua presença. Ora, no signo da humanidade, a sombra é a ignorância. Para o humano, este é o maior dos males, o seu verdadeiro abismo. No Corpus Hermeticum, Hermes diz-nos o seguinte: “Olhai com os olhos do coração – se não todos, sejais capazes pelo menos alguns entre vós. O mal da ignorância inunda toda a terra e corrompe a alma, encerrada no corpo, impedindo-a de lançar a âncora no porto da salvação.” (VII, 1: γὰρ τῆς ἀγωσίας κακία ἐπικλύζει πᾶσαν τὴν γῆν καὶ συμφθείρει τὴν ἐν τῷ σώματι κατακεκλεισμένην ψυχήν, μὴ έῶσα ἐνορμίζεσθαι τοῖς τῆς σωτηρίας λιμέσι. Texto grego de La Rivelazione Segreta di Ermete Trismegisto, vol. I, a cura di Paolo Scapi. Turim, 2009: Fond Lorenzo Valla / Arnoldo Mondadori Editore, 108-9. A tradução é da minha responsabilidade).

   Tudo se concilia nesta ideia da ignorância como maior dos males. Marte em Gémeos, agora directo, é o astro mais alto e quase alcança a culminação. Nesta posição, encontramos nomeadamente a forma nefasta como a ignorância, como a sua força vil, corrompe a palavra e a razão. No entanto, a palavra é magia e o que destrói convive com o que cria. Marte em Gémeos vai cortar o laço entre o humano e o divino, semeando a guerra em nosso redor, não aquela que alguns forjam, entre países e movendo interesses, mas sim aquela que se ergue dentro de nós, aquela que coloca uma pequena chama diante de uma sombra imensa. Ora essa sombra é a ignorância.

   O facto de Marte estar no seu próprio segmento de luz e acima do horizonte não o torna o grande maléfico. Esse papel cabe a Saturno que segue na retaguarda da luz subterrânea. Desta forma, e por estar em trígono com a sizígia, com Vénus e Saturno, e em sextil com Júpiter, Marte guarda, no meio da discórdia que é a ignorância, a derradeira esperança que é a sabedoria. Esta não será, porém, seguida por muitos. A quadratura da sizígia ao Dragão da Lua aponta para a dificuldade de se encontrar o seu valor. A palavra que nos leva à sabedoria é ceifada pela nossa própria rejeição e a realidade divina torna-se cada vez mais distante. A quadratura de Marte e Neptuno fundamenta essa adversidade.     

   Se Marte avança para o Ponto de Culminação, Mercúrio segue para o Subterrâneo e é assim o astro que mais se afunda. A palavra (Mercúrio) e a morte (Plutão) unem-se num único poder (Capricórnio), adquirindo a revelação do abismo. São os timoneiros da sizígia, da luz do novilúnio, aqueles que seguem na frente. A razão está pois nas escarpas da existência e a palavra adquire a graça da semente da abundância, oculta sob a terra. Esta proposta une-se naturalmente à mensagem do Dragão da Lua (trígono à Caput e sextil à Cauda), ao valor que traz o conhecimento da morte ao modo de vida.

   O sextil de Júpiter em Carneiro à sizígia e aos seus companheiros (Vénus e Saturno), sob o peso, sob a gravidade das nossas escolhas, coloca a acção do bem na luz que viaja pelo abismo. A humanidade pode portanto colher a acção do bem como uma chama que vence a escuridão. O bem, como sentido profundo de Júpiter, tem o poder de transformar o humano e construir uma nova humanidade. A acção que se efectiva no bem e na justiça, ou seja, a proposta de Júpiter em Carneiro, assume esse potencial. No entanto, no tema em análise, Júpiter encontra-se na VIII, no Lugar da Morte, caminhando para a sua ocultação, o que faz sobressair o significado da quadratura deste a Mercúrio e Plutão em Capricórnio.

   Existe, desta forma, uma colisão entre a acção e o poder e a palavra submersa, cristalizando a ignorância e a malícia, tenderá a assombrar a missão do bem e da justiça. A humanidade está no fio da navalha e terá inevitavelmente de escolher o seu lado. O sextil de Mercúrio e Plutão em Capricórnio a Neptuno em Peixes pede ao humano a sua refundação, elevando-se num discurso de solidariedade e promovendo um verdadeiro amor ao próximo. A empatia está no ocaso da humanidade e não será uma tarefa fácil conservar a sua luz. O caminho entre o actual novilúnio e o próximo sugere essa via árdua entre a humanidade e a totalidade.

   Neste mês lunar entre a Lua Nova em Aquário e a Lua Nova em Peixes, convém assinalar-se que Mercúrio avançará de Capricórnio para Aquário, Vénus de Aquário para Peixes, Júpiter manter-se-á em Carneiro e Saturno em Aquário. Já os transaturninos vão permanecer também nos seus signos: Úrano em Touro, Neptuno em Peixes e Plutão em Capricórnio. No actual novilúnio, o único planeta retrógrado é Úrano e que, aquando do próximo novilúnio, já estará directo. Da Lua Nova em Peixes até à segunda Lua Nova em Carneiro (20/04/2023) nenhum planeta estará retrógrado, activando-se assim todas as potências planetárias.

   O encontro dos luminares, no signo de Aquário, encerra o sentido profundo da passagem do humano, daquele que se encontrou a si mesmo, para a realidade agregadora que é a humanidade. No entanto, a ignorância é a verdadeira ameaça, o inimigo que nos espera. E, perante esse mal imenso, essa sombra que se estende sobre nós, só existe uma luz. A sabedoria é a luz no caminho.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

Reflexões Astrológicas 2022: Lua Nova em Aquário

  Reflexões Astrológicas


Lunações


Lua Nova em Aquário

Lisboa, 05h46min, 01/02/2022

 

Sol-Lua

Decanato: Mercúrio

Termos: Vénus

Monomoiria: Mercúrio

 

            A Lua Nova de Fevereiro ocorre no signo de Aquário, com Capricórnio a marcar a hora – aquele que na Lua Nova de Janeiro marcava o Ocaso –, no Segmento de Luz (αἵρεσις) da Lua, com os luminares abaixo do horizonte e cerca de duas horas antes do nascer-do-sol (hora de Lisboa), no lugar do viver (βιός), no decanato de Mercúrio, nos termos de Vénus e na monomoiria de Mercúrio.

            Neste novilúnio, o lugar onde se dá sizígia, bem como os astros que a cercam, determinam um alinhamento que encontrará algo próximo do seu inverso na Lua Nova de Março, marcando um sentido que torna o céu palavra viva. Na Lua Nova de Aquário, não são apenas os luminares que, na barca de Ré, lutam contra Apófis, o senhor do Caos, pois, como um feixe de luz esperada, quase todos os planetas se alinham para subir e sair do reino subterrâneo. Só Úrano foge da linha, caminhando um pouco mais atrás. No entanto, é Marte, qual porta-estandarte, que vence o submundo, tornando-se o único acima do horizonte.

            Heraclito diz que “Pólemos é o pai de todas as coisas e de todas elas é soberano, a uns apresenta-os como deuses, a outros como humanos, a uns fá-los escravos, a outros homens livres.” (DK 22 B 53: Πόλεμος πάντων μέν πατήρ ἐστι, πάντων δέ βασιλεύς, καὶ τοὺς μέν θεούς ἔδειξε τούς δὲ ἀνθρώπους, τοὺς μέν δούλους ἐποίησε τοὺς δὲ ἐλευθέρους). Ora esta é a mensagem de Marte, pois pólemos (πόλεμος) indica a guerra, o combate, o conflito e a batalha. Marte em Capricórnio, no signo do poder e da culminação, no seu próprio segmento e exaltado, sai glorioso do submundo e traz consigo a força dos contrários e a finalidade do poder, algo bem presente em tempos eleitorais em que a desmedida quer vencer a democracia e a solidariedade.

            Os luminares fixam a sizígia em Aquário, no lugar do viver ou do modo de vida (βιός), fazendo-se acompanhar de Saturno, regente diurno do signo que os acolhe. A luz e o tempo constroem o humano. Ora os luminares, juntamente com Saturno, lançam os seus raios de forma abrasiva até Úrano em Touro e até ao Dragão da Lua (Caput Draconis), ou seja, a luz e o tempo geram um elemento de tensão com a vida e a natureza, com a liberdade que se vê e oculta. A luz da humanidade conhece assim a retribuição da natura naturans, da natureza como agente activo, compreendendo a ὕβρις da sua acção. O ser humano a cada dia que passa e que as alterações climáticas se tornam realidade visível aperceber-se-á que a natura naturata, a natureza passiva, era apenas uma ilusão que ele próprio criou. Gaia vive, age e reage, é senhora de si mesma.

            Se, por um lado, a tensão entre os luminares e Saturno em Aquário e Úrano em Touro apontam para a necessidade, mas também para a dificuldade, de transformar, de mudar as estruturas humanas cristalizadas, por outro lado, o conflito com o Dragão da Lua revela o imperativo de renovar o sentido profundo – a sombra onde o dragão/serpente se move – do caminho que traz a morte à vida, pois é também Úrano, unido ao Dragão da Lua, que acentua a revolução sobre a sua mensagem. Das brumas da necessidade, a luz obriga a mudança.

            Ora o caminho dragontino da morte ao viver (eixo nodal Escorpião-Touro), fazendo do conhecimento da morte o conhecimento da vida, ou seja, criando um absoluto que pertence à terra (a proposta de Hermann Broch), alia-se benevolamente a Marte, Vénus, Mercúrio e Plutão em Capricórnio (trígono à Caput e sextil à Cauda) e a Júpiter e Neptuno em Peixes (sextil à Caput e trígono à Cauda). Esta é uma união poderosa que nos signos de Capricórnio, Peixes, Touro e Escorpião firma um sentido profundo sobre o signo de Aquário, desafiando a proposta luminar. O humano e a humanidade erguem a palavra e o pensamento na Terra e na Água e destes colhem o alimento, a ambrósia, da sua transformação.

            Se os tempos futuros reforçam a premência de uma integração das qualidades essenciais do elemento Ar, criando um processo transformativo que elevará a ponte da mente ao intelecto, então o presente, esse agora que tende a fugir, obriga a uma assimilação das qualidades da Terra e da Água. O Eterno Feminino é a aurora do tempo futuro e é através da Mãe Eterna, da Sophia Nigrans e da Sophia Stellarum, da Sabedoria que é sombra e luz, que se alcançará o fogo sempre vivo, o Intelecto do Mundo.       

            A partir do leme (οἴαξ) da lunação, Marte, Vénus, Mercúrio Retrógrado e Plutão em Capricórnio definem o poder da finalidade, o almejar sustentado do termo do caminho. Essa consciência do fim sob a égide da força, do amor, da palavra voltada para si e da morte concede uma significação mimética à vida, mas também à superficialidade da nossa existência. A concentração destas planetas no signo de Capricórnio, que marca a hora, permite que o olhar da alma se fixe, não na planície, onde a observação se perde, mas sim no cume da montanha, na solitude plena de estar todo em si.

            Marte e Vénus em Capricórnio revelam o poder da união dos contrários, de um potencial de criação que une na vontade a força e o desejo. Este é o ímpeto radical que fita, firme e determinado, um certo alvo. Ora deste ímpeto pode nascer a vitória edificante ou o triunfo destruidor. A pulsão de Marte e Vénus é refreada, até dia 4, por um Mercúrio Retrógrado que torna a finalidade do poder um processo interior, uma construção de um novo eu onde a palavra se torna pensamento. Porém, Plutão vem trazer a esta reunião planetária a radicalidade da transformação e o poder da morte como condição de renascimento.

            Por o segmento de luz dominante ser o nocturno, Vénus é o grande benéfico, todavia, como está sob o horizonte, a sua luz é, neste novilúnio, uma dádiva partilhada que se une, por um lado, a Marte sobre o Orto e a Mercúrio Retrógrado, o Psicopompo do tema, junto a Plutão, senhor do submundo, e, por outro lado, tal como os seus companheiros, a Júpiter e Neptuno em Peixes (sextil) e a Úrano em Touro (trígono). As bênçãos destas uniões surgem sob um véu – Ísis oculta-se no centro do templo – e exigem uma acção.

            É preciso submergir no reino sob a terra, ir para além do visível e do carácter líquido das coisas comuns, da soma de todas as nossas vaidades. Não é por acaso que Júpiter e Neptuno vão surgir no horizonte depois dos luminares. A dádiva da bondade e da compaixão como formas de totalidade é algo que tem de ser procurado. Júpiter e Neptuno encontram-se no lugar da Deusa, na III, e assim sendo estas dádivas revelam-se sob a palavra do Feminino e o gesto da Lua. O espaço (Júpiter) pede portanto uma imagem (Neptuno) e a imagem pede o seu espaço. E essa imagem é a Grande Mãe, a Sabedoria, e o espaço que ela deve ocupar é a humanidade.

            Neste novilúnio, quando a luz da sizígia brilha escondida sob a terra no nosso modo de viver, o humano e a humanidade terão de encontrar o seu propósito, a finalidade do seu caminho, mas vão ter de levar consigo a bondade e compaixão. 


Lua em Aquário: De 31 de Janeiro a 2 de Fevereiro de 2022


Lua em Aquário: das 09h43min de hoje às 11h00min do dia 2 de Fevereiro.